sexta-feira, 8 de agosto de 2008

HISTÓRICO DAS BIBLIOTECAS E DA BIBLIOTECA ESCOLAR

Breve história das bibliotecas e da biblioteca escolar
Após as mais antigas bibliotecas da Mesopotâmia e do Egito (formadas,
respectivamente, por coleções de placas de argila e por conjuntos de documentos em
papiro e reservadas a um número muito restrito de utilizadores) e das primeiras
bibliotecas privadas abertas à consulta pública (a primeira surgiu em Atenas, fundada
por Pisístrato em 540 a.C), há que referir a biblioteca escolar de Aristóteles,
considerada por muitos como a mais importante antes da biblioteca de Alexandria. No
Liceu que fundou em Atenas, Aristóteles estabeleceu, pela primeira vez, uma íntima
ligação entre a escola e esse novo espaço intelectual que é a biblioteca. Que outras
razões não existissem, Aristóteles constituiria, só por esse gesto, uma das grandes
figuras que marcou a história da escola.
A idéia de Aristóteles era agrupar os sábios e os alunos em redor de uma
biblioteca e de coleções científicas, com vista a uma colaboração útil ao progresso da
ciência. Demétrio de Falero apenas teve que alargar este plano, ajudado pela
magnificência de Ptolomeu, para fundar o Museu e a Biblioteca de Alexandria, episódio
maior da história da biblioteca, da história da biblioteca escolar e da própria história da
humanidade. Na verdade, depois de dez séculos de existência, a biblioteca de
Alexandria deixou um rasto tão brilhante na memória dos homens que a sua lenda e o
reconhecimento da sua importância como via de acesso à Antiguidade, domina toda a
Idade Média, todo o Renascimento e toda a modernidade. É de tal modo grande o
fascínio da antiga Biblioteca de Alexandria que hoje, 2300 anos depois, foi inaugurada a
Nova Biblioteca de Alexandria cuja reconstrução se deve à iniciativa do governo
egipciano em colaboração com a UNESCO.
O episódio seguinte da história da biblioteca escolar tem o seu lugar no seio da
civilização árabe. Aí, foram constituídas numerosas bibliotecas contendo preciosos
manuscritos gregos, traduções em árabe bem assim como livros da ciência árabe. Mas o
que aqui mais importa assinalar é que todas elas eram acessíveis tanto a professores
como a estudantes. Cada cidade tinha a sua própria biblioteca onde todos podiam
consultar os livros ou mesmo requisitá-los (os leitores podiam ler e requisitar
simultaneamente o mesmo livro, pois existiam vários exemplares). As principais
bibliotecas são a de Bayat al-hikma (gabinete da sabedoria), a de Hizanat al-hikma
(depósito da sabedoria), a de Dar al-kutub (edifício dos livros), a de Dar al-hikma
(edifício da sabedoria), e a de Dar al-ilm (edifício da ciência), fundada em 1004 pelo
califa Al-Hakim. Contribuindo para o desenvolvimento do ensino, esta última continha,
mais de 600 000 livros (entre os quais 6 500 de matemática e a astronomia), assim
como livros de filosofia e um globo terrestre, de cobre, construído por Ptolomeu. Os
livros, freqüentemente copiados em vários exemplares, eram classificados de acordo
com a área de saber. O Livro sagrado, o Corão, tinha um lugar cimeiro sendo por isso
arrumado nas prateleiras mais altas. Os restantes livros eram ordenados
hierarquicamente, de acordo com a sua importância e o seu conteúdo. De referir ainda a
biblioteca de Córdoba fundada em 965 constituiu a terceira biblioteca do mundo
islâmico.
Depois do século X, outras bibliotecas cresceram paralelamente às dos
mosteiros e conventos. Primeiro nas escolas catedrais e, a partir do século XII, nas
inúmeras universidades que se constituíram na Europa
O Renascimento marcou o declínio das bibliotecas de tipo monástico: as
primeiras coleções particulares dos humanistas podem ser consideradas como o ponto
de partida das bibliotecas modernas. As bibliotecas proliferaram umas atrás das outras, a
dos Estes em Ferrara, a de Federico da Montefeltro em Urbino, a Laurenziana dos
Medici em Florença, ou a biblioteca do Vaticano, fundada em 1450 pelo papa Nicolau
V (um milhão de volumes impressos, entre os quais cinco mil incunábulos e 60 mil
manuscritos).
A biblioteca moderna, onde os livros estão principalmente para o uso do
público, só chegou com a difusão da imprensa, no século XVI que, pela primeira vez,
tornava possível a produção de livros em grandes quantidades e a preço mais reduzido.
É neste contexto que se começam a constituir algumas grandes bibliotecas
universitárias, como a Bodleiana em Oxford (uma das mais antiga da Grã-Bretanha,
restaurada e reorganizada em 1598, por Thomas Bodley).
O início do século XVII assistiu à abertura ao público da Ambrosiana em
Milão e da Biblioteca Nacional de Berlim, mais tarde ampliada por Frederico o
Grande. Mas é no século XVIII que vão surgir as grandes bibliotecas nacionais. Em
1712, Filipe V fundou a famosa Biblioteca Nacional Espanhola em Madrid, dotada de
magníficas coleções de manuscritos e ricas coleções de primeiras impressões. Também
a biblioteca do Museu Britânico em Londres se constitui então através de uma série de
importantes doações, tendo sido enriquecida posteriormente com a aquisição da
biblioteca de George III e assim se tornando numa das maiores e mais importantes
bibliotecas do mundo.
Em França, a seguir à revolução, foi muito forte o movimento no sentido da
organização de grandes bibliotecas nacionais abertas ao público. Um ótimo exemplo é a
Bibliothéque Nationale em Paris com base na antiga Biblioteca Real de França, fundada
no século XIV e que, atualmente, em novíssimas instalações, possui mais de seis
milhões de livros e 130 mil manuscritos.
Também a Biblioteca Lenine em Moscou, formada a partir da biblioteca real
do Museu Rumyantsev (1862) e reorganizada em 1925, possui um fundo bibliográfico
de 25 milhões de impressos e 2,5 milhões de manuscritos, tendo a reputação de uma das
maiores do mundo.
Na China a primeira biblioteca pública abriu em 1905, sendo que hoje a mais
importante é a Biblioteca Nacional em Pequim com mais de dois milhões de
volumes.
Hoje, as bibliotecas estão em fase de grande reestruturação. Talvez mesmo de
re-invenção. De entre as inúmeras e impressionantes realizações, uma das mais recentes
e significativas é sem dúvida a Nova Biblioteca de Alexandria. Como não podia deixar
de ser, ela situa-se junto à Universidade de Alexandria.
Às bibliotecas escolares atribuem-se em geral papeis centrais em domínios
tão importantes como a aprendizagem da leitura, o desenvolvimento do prazer e do
hábito da leitura, a capacidade de selecionar e criticar a informação, o desenvolvimento
de métodos de estudo e de investigação autônoma. Digamos que a biblioteca escolar
tem funções de:
· informação - fornecer informação de confiança, rápida e acessível; oferecer
orientação na localização, seleção e utilização de informação
· educação - promover a integração da informação no currículo escolar; facilitar o
alargamento compreensivo da informação recolhida; promover educação contínua;
· cultura - apoio da experiência estética, orientação na apreciação de artes e
encorajamento da criatividade;
· recreio - oferecer um espaço lúdico que permita uma utilização útil do tempo de
lazer, através da apresentação de materiais e programas de valor recreativo.
Porém, num mundo em que a produção de informação é acelerada, a biblioteca
escolar é cada vez mais chamada a desempenhar novos papéis:
Ela deixou de conter apenas livros para se tornar num espaço multimídia,
onde os alunos acedem a meios audiovisuais, suportes informáticos, revistas, etc. Ela
inclui sistemas de informação complexos em suportes muito diversificados. Ela é um
centro de recursos multimídia de acesso livre, destinado à consulta e produção de
informação em suportes variados.
Ela passa a ser um local privilegiado para o desenvolvimento de um conjunto
de capacidades de atualização e manuseamento de informação que precisam de ser
aprendidas pelos alunos. São as chamadas habilidades de informação, como o
planejamento, a localização, seleção, recolha, organização e registro de informação e a
comunicação e realização de relatórios e trabalhos.
Ela é, cada vez mais, um espaço de aprendizagem do uso adequado da
informação. Aprender é cada vez mais preparar-se para saber encontrar, avaliar e
utilizar a informação. O principal objetivo da biblioteca escolar é hoje orientar os
estudantes de modo a que estes aprendam a manusear a informação na sua vida futura.

Nenhum comentário: