sexta-feira, 26 de setembro de 2008

terça-feira, 23 de setembro de 2008

UNESC - FEIRA DAS PROFISSÕES - 3ª série

FEIRA DAS PROFISSÕES, promovida pela UNESC, de Criciúma.
acompanharam os alunos as educadoras ELIANE, ANGELA, CLAUDIA e DENISE
23/09/08























segunda-feira, 22 de setembro de 2008

LINDOLF BELL


LINDOLF BELL
http://www.lindolfbell.com.br/Biografia.php



Lindolf Bell, filho de Theodoro e Amália Bell, nasceu na cidade de Timbó em 2 de novembro de 1938. Foi de seus pais que herdou a clareza dos poemas, os quais mesmo sendo produzidos na urbanidade, conservaram elementos da vida agrária. Os pais do poeta eram lavradores, porém, com um grande sentimento e conhecimento de mundo, o que definitivamente ficou enraizado em sua vida e obras.
Ao ser líder do Movimento Catequese Poética, o qual permitiu a milhares de pessoas o acesso à poesia e à arte, Lindolf Bell foi reconhecido nacionalmente e internacionalmente. Era um homem que abrigava o mundo no coração, que amava os girassóis, que via tudo como missão, encarando a palavra como uma dádiva e fazendo dela um instrumento de comunhão e solidariedade.
Lindolf Bell é atualmente o maior, o mais constante e importante nome da poesia catarinense, assim levantou-se a bandeira “como uma palavra tribal” em prol de sua memória, transformando seu sonho em realidade, buscando cada vez mais fazer com que o “o lugar do poema deve ser onde possa inquietar”
Bell casou-se com Elke Hering (reconhecida artista plástica), com a qual teve 3 (três) filhos: Pedro, Rafaela e Eduardo Bell.
Após difundir seu movimento pelo Brasil e exterior, fixou moradia na cidade de Blumenau, onde, juntamente com a esposa Elke Hering e os amigos Péricles e Arminda Prade, criou a Galeria Açu-Açu (primeira do Estado de Santa Catarina). Além destas atividades, Bell também foi contador, professor, crítico de artes, conselheiro estadual da cultura do Estado de Santa Catarina e marchand (promotor de eventos relacionados à arte).
Foi um nome ligado à invenção lógica, à ousadia, à uma capacidade mágica. Seguindo seus impulsos rompeu as amarras que prendiam a poesia, tornando e exigindo o contato direto com o leitor. Bell também difundiu suas idéias através de painéis-poemas, corpoemas...
Se o ofício do poeta é redescobrir a palavra, como dizia o autor de As Vivências Elementares, nosso ofício é o de redescobrir o poeta, através de suas palavras, tais como aquelas presentes na Metafísica Cotidiana: procuro a palavra-palavra a palavra fóssil, a palavra antes da palavra”. Esse impulso rumo às origens nos torna mais sensíveis e profundos.
Bell amava a terra e tudo o que dela advinha. Mergulhando no drama da humanidade; a sua poesia mantinha-se vibrante. Tratava sempre da vida, da terra, da infância, do destino, da solidão, do efêmero, do transcendente, do sonho e da esperança.
Em uma entrevista do poeta à FCC (Fundação Cultural Catarinense), quando questionado sobre algo de sua residência, o mesmo respondeu: “Todas as coisas que me rodeiam são raízes. A jabuticabeira que deve ter quase cem anos, a caramboleira, os baús, os móveis e todos os objetos antigos não são uma forma triste de memória mas uma afirmação de que, num crescimento espiritual, num crescimento humano não podemos jogar nada pela janela ou no lixo. Não podemos jogar fora as raízes - elas nos preservam e elas se preservam conosco, na memória ou dentro da terra, seja onde for, mas elas também nos projetam porque, à medida que elas se preservam na terra, elas crescem fazem a gente crescer, como uma árvore. O homem é uma árvore que abriga amores, lembranças, outros seres, uma árvore que dá sombra e luz, e é para isso que a gente nasceu, fundamentalmente. Isso eu aprendi, é claro convivendo com meus pais e também com os vizinhos, que tinham maneiras semelhantes de viver e conviver, maneiras simples mas definitivas”, ou seja, é isso que se pretende preservar e que busca-se vislumbrar na Casa do Poeta Lindolf Bell.
Ficamos entristecidos depois de sua partida, o que apenas completava o que sempre dizia: Quanto mais sozinhos menos inteiros. Só nos bastamos na proximidade, em bando. E o bando sem ele é muito pouco. Em 10 de dezembro de 1998 veio a falecer.
"Mas um poeta não morre; pois a vida dos poetas é eterna. Bell colocou um pouco dela em cada palavra que escreveu e, embora seu corpo tenha ido, sua vida continuará espalhada eternamente pelas páginas dos livros que abrigam sua obra, na magia de suas palavras e pelo legado cultural que nos deixou".

OBRAS
1962 Os Póstumos e as Profecias. 1ª Edição. São Paulo: Massao Ohno, 1962.
1964 Os Ciclos. 1ª Edição. São Paulo: Massao Ohno, 1964
1965 Convocação. São Paulo: Brasil, 1965.
1966 Curta Primavera. São Paulo: Brusco, 1966.
1966A Tarefa. São Paulo: Papyrus, 1966.
1967 Antologia Poética de Lindolf Bell. São Paulo: União, 1967.
1968 Antologia da Catequese Poética. BELL, Lindolf. MATTOS, Luiz Carlos. JARDIM, Rubens. MÜLLER, Érico Max. SANTANA, Edson R. AGUIAR, Iosito e CARDOSO, Reni. Antologia da Catequese Poética. T. Paulista. São Paulo, 1968.
1971/1979 As Annamárias. 1ª Edição. São Paulo: Massao Ohno, 1971. (qualificada por Drummond como a mais importante obra lírico-amorosa em língua portuguesa dos últimos anos).
1974 Incorporação. 1ª Edição. São Paulo: Quiron, 1974.
1980 As Vivências Elementares. 1ª Edição. São Paulo: Massao Ohno/Roswitha Kempf, 1980.
1984 O Código das Águas. 1ª Edição. São Paulo: Global, 1984. (melhor livro de poesia do ano - Associação Paulista dos Críticos de Artes).
1985 Setenário. Florianópolis: Sanfona, 1985.
1987 Texto e Imagem. Oficinas de Arte. Florianópolis, 1987.
1994 Pré-textos para um fio de esperança. BADESC. Florianópolis, 1994.
1993 Iconographia. Editora Paralelo: 1993.
1994 Requiem. Oficinas de Arte. Florianópolis, 1994.

OBRAS TRADUZIDAS
Italiano: In Poesia de Brasile d’Oggi (trav. Salvatore d’Anna) editrice i.l.a. Palma, 1968.
Belga: In Revista “Nieeuw Vlamams Tijdschrift” (trad. Freddy de Vree), Antuérpia, 1969.
Inglês: In Revista “Licor Store”, Iowa USA, 1969 in Brazilian Poets XX Century (trad. Elizabeth Bishop); e in Antologia da Poesia Contemporânea Brasileira (trad. José Neinstein), 1973.
Espanhol: In Tiempo de Poesia Brasileña (trad. Adovaldo Fernandes Sampaio) Buenos Aires, Ediciones de la Flor, 1974.
Angola (África): poemas editados na revista MÁKUA nº 4.

PROJETOS DESENVOLVIDOS E PARTICIPAÇÕES
Catequese Poética (1964)
Movimento de repercussão nacional e de expansão da poesia, que foi iniciado por Lindolf Bell, no qual posteriormente ingressam Rubens Jardim, Luiz Carlos Mattos, Iraci Gentili, Reni Cardoso, Érico Max Muller e outros.
International Writing Program Iowa (1969, USA)
Bell representou o Brasil neste programa internacional de escritores jovens, com a direção de Paul Engle (um dos maiores poetas americanos), em parceria com Elke, fez espetáculos de poesia com objetos criados por ela.
Poema-Objeto (1970)
Participou da I Pré-Bienal de São Paulo com os poemas-objetos.

Corpoemas (1973)
Criou as camisetas com poemas ou fragmentos de poemas, que tiveram várias edições (em 1975 e 1977 em diante). Em parceria com a Malwee, os corpoemas conciliavam poesia às imagens de Lair Leoni Bernardoni (edição dos anos 90), e às pinturas de Lygia Helena R. Neves, chegando a trazer versos em português, inglês, espanhol, francês, italiano e alemão.
Escultura Mãe-Blumenau (1977)
Projeto de Lindolf Bell para Blumenau, visando homenagear a mãe e a terra blumenauense, tendo como escultura vencedora a obra “Mãe Lavradora”, de Mário Avancini.
Blumenália (1979)
Grande acontecimento na cidade de Blumenau, envolvendo várias manifestações de cultura (ocorerram diversas edições). Em 1969 o nome Blumenália já figurava como o nome de uma coluna do jornal A Cidade - assinada pelo poeta.
Praça do Poema (1982)
A mesma praça que abriga a Escultura Mãe-Blumenau também abriga poemas inscritos em pedras pelos poetas do Vale do Itajaí (Lindolf Bell, José Roberto Rodrigues, Eulália Maria Radtke, Péricles Prade e Márcio Tavares d’ Amaral).
III Bienal Nestlé de Literatura Brasileira (1985)
Participou juntamente com poetas, ensaístas e contistas do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina.
Postal-Poema (1990)
Postais com fotos de Lair Leoni Bernardoni e poemas de Lindolf Bell.
Painel-Poema (1990)
Painéis com pintura de César Otacílio e poesia de Lindolf Bell, Blumenau (SC).
Flor em Flor (1991)
Projeto de Lindolf Bell e Lair Leoni Bernardoni com poemas e imagens.
Papéis-Carta-Poesia (1992)
Papéis de carta com fotografias de Lair Leoni Bernardoni e poesias de Lindolf Bell.
Selapoesia (1992)
Selos com imagens de Lair Leoni Bernardoni e textos de Lindolf Bell.
Entrelaços (1992 a 1995)
Exposições de fotografias de Lair Leoni Bernardoni e poesias de Lindolf Bell.
Poemadesivos (1993)
Adesivos com imagens de Cao Hering e poemas de Lindolf Bell, cuja produção foi de Horácio Braun.

Praça dos Poetas (1993)
Praça situada em Timbó e que possui poemas de quatro poetas timboenses (Lindolf Bell, Gelindo Sebastião Buzzi, Antônio Juraci Carlini e Péricles Prade), estes inscritos em pedras.
Poemas em Garrafas (1994)
Junto com 13 colegas lança 150 poemas em garrafas no rio Itajaí-Açu (sobre a ponte Aldo Pereira de Andrade).
Calendário de Mesa (1995)
Calendários de Mesa da Blumenhaus (Flor e Poesia), com poemas de Lindolf Bell.
Festival Internacional de Poesia Falada em Medellin-Colômbia (1996)
Representou mais uma vez o Brasil, juntamente com Haroldo de Campos e a convite do Itamaraty e do Ministério da Cultura. Este evento reuniu poetas de vários países.
Taba Telúrica (1996)
Evento reunindo música, poesia, folclore e artes plásticas no Tabajara Tênis Clube, em Blumenau (SC).
Lindolf Bell participou e promoveu ainda inúmeros congressos, seminários, coletivas, semanas e mostras literárias, noites culturais, feiras, encontros de escritores e arte, simpósios de literatura, concursos, exposições, festivais, comissões julgadoras, palestras e convenções, pelo Brasil inteiro.


A VIDA E A OBRA
1938 - Nasceu em Timbó, Santa Catarina, no dia 2 de novembro. Filiação: Theodoro e Amália Bell.
1944 - Foi alfabetizado em alemão pela mãe.
1950 - Concluiu o curso de 1º Grau no Grupo Escolar Polidoro Santiago, situado em Timbó.
1954 - Concluiu o curso de 2º Grau no Ginásio Normal Ruy Barbosa, também situado em Timbó. Foi orador da turma, premiado com cinco medalhas, sendo uma a de melhor aluno de português.
1955 - Morou na cidade de Blumenau, onde fez o curso de Técnico em Contabilidade no Colégio Santo Antônio.
1956 - Conheceu Alzira Hahmann. Surgiram os primeiros poemas de amor.
1957 - Formou-se em Contabilidade, retornou à Timbó.
1958 - Serviu à PE (Polícia do Exército) do Rio de Janeiro.
1959 - Entrou na Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro. No mês de junho, deixou o exército. Na cerimônia de baixa, proclamou um poema no Juramento à Bandeira, evento precursor do movimento da Catequese Poética.
1960 - Voltou à Timbó. Escreveu para jornais e revistas catarinenses (“Revista do Sul”, “A Nação”, “Jornal de Joinville”). Publicou poemas na revista Leitura do Rio de Janeiro.
1962 - Na cidade de São Paulo conheceu a jornalista Maria Serafina de Andrade Vilela, que o apresentou à Cecília Meireles e à Lygia Fagundes Telles. Conheceu também o editor Massao Ohno, que publicou “Os Póstumos e As Profecias”. Na coleção “Novíssimos”, participou ao lado de nomes como Roberto Piva, Claudio Willer, Eunice Arruda, Renata Palotini e Carlos Felipe Moisés. Promoveu a exposição de poemas-murais de autoria dos poetas paulistas e catarinenses (Teatro Álvaro de Carvalho, em Florianópolis). Participou da coletiva de “poemas-murais” na Biblioteca Mário de Andrade, cidade de São Paulo.
1963 - Ganhou o prêmio “Governador do Estado de São Paulo” como revelação. Foi premiado através de concurso pela Comissão Estadual de Cultura de São Paulo, com o Prêmio Estímulo (gênero poesia).
1964 - Publicou “Os Ciclos”. Iniciou o movimento da Catequese Poética proclamando poemas na boate "Ela, Cravo e Canela", localizada em São Paulo. Realizou diversos recitais em Teatros, Universidades, Escolas e Clubes de São Paulo, onde também se apresentaram Álvaro Alves de Faria, Carlos Soulié do Amaral e Roberto Bicelli.
1965 - Publicou “Convocação”. Realizou na PUC-RJ o I Recital de Poesia em Estádio, no qual compareceram mais de mil estudantes. Ingressaram na Catequese os poetas Rubens Jardim, Luiz Carlos Mattos, Iraci Gentilli, Reni Cardoso, Erico Max Muller e outros.
1966 - O movimento Catequese Poética se intensificou. Viajou por vários estados. Publica “Curta Primavera” e “A Tarefa”. Conhece a cantora lírica Anna Maria Kieffer.
1967 - Publicou “Antologia Poética”. Formou-se em Dramaturgia na Escola de Arte Dramática de São Paulo.
1968 - Editou a “Antologia da Catequese Poética”. Após o rompimento com Anna Maria Kieffer, escreveu “As Annamárias”. Casou-se com a escultora Elke Hering.
1969 - Participou do Internacional Writing Programm, na Universidade de Iowa USA. Em Iowa e Chicago fez espetáculos de poesia com objetos criados por Elke. Recebeu uma placa de homenagem conferida pela cidade de Timbó SC ao seu filho Lindolf Bell.
1970 - Fixou moradia em Blumenau. Juntamente com sua esposa Elke e os amigos Péricles Prade e Arminda Prade, criou a Galeria Açu-Açu (primeira galeria de artes do estado) em Blumenau SC. Recebeu uma placa de Homenagem e gratidão conferida pelos Professorandos do Colégio Normal Ruy Barbosa, Timbó SC.
1971 - Publicou “As Annamárias”, obra esta qualificada por Drummond como “a mais importante obra lírico-amorosa em língua portuguesa dos últimos quinze anos”.
1972 - Participou com os poemas-objetos da I Pré-Bienal de São Paulo.
1973 - 1ª Edição dos Corpoemas (camisetas com poemas).
1974 - Publicou “Incorporação”. Recebeu uma placa de agradecimento conferida pela participação na XI Convenção das Domadoras Lions Club de Blumenau SC.
1975 - 2ª Edição dos Corpoemas (camisetas com poemas).
1979 - Recebeu, juntamente com Elke, a placa de Mérito na Arte pelo evento: Blumenau - Ontem e Hoje / Carlos Muller, Blumenau SC.
1980 - Publicou “As Vivências Elementares”. Recebeu um troféu na X Festa de Instalação do Município de Indaial SC, ofertada pela Metalúrgica H Wanke e Marmoraria Indaial Ltda.
1981 - Criou a Praça do Poema em Blumenau. Em São Paulo ganhou o prêmio “Miguel de Cervantes”.
1982 - Viajou à Península Ibérica. Criou a Praça dos Poemas em Blumenau SC. Foi escolhido por unanimidade como Personalidade Cultural pela União Brasileira dos Estudantes.
1984 - Publicou “O Código das Águas”.
1985 - A Associação Paulista dos Críticos de Arte premia a obra “O Código das Águas” como o melhor livro de poesia do ano.
1986 - Começou a trabalhar nas “Odes Ibéricas” do livro inédito “Anima Mundi”.
1987 - Recebeu o troféu Destaque de Literatura.
1989 - Retornou a editar os Corpoemas.
1990 - Juntamente com o artista plástico César Otacílio, criou o primeiro painel-poema do Brasil. Instituiu uma série de cartões-poema do Brasil. Criou a série de cartões-postais e os Ecopoemas, com a fotógrafa Lair Bernardoni. Recebeu o troféu de reconhecimento de sua terra natal, Timbó SC.
1992 - Criou o Jardim dos Poemas em Indaial – SC. Com Lair Bernardoni, institui os papéis-carta-poesia e selapoesia.
1993 - Criou a Praça da Poesia em Timbó – SC; Com Horácio Braun e Cao Hering instituiu poemadesivos.
Com o artista plástico Ronaldo Betaco criou painel-poema, em Chapecó – SC.
Lançou centenas de poemas de avião, sobre Rio do Sul – SC.
Iconographia - Editora Paralelo27/1993.
1995 - Lançamento de poemas engarrafados no rio Itajaí-Açu. Inaugurou painel-poema com Guido Heuer na Prefeitura de Blumenau. Recebeu um troféu em homenagem aos 30 anos da Catequese Poética, conferido pelo Clube Ginástico Guairacás de Timbó SC. Recebeu uma placa da Câmara Municipal de Blumenau SC, conferindo o título de cidadão blumenauense. Ganhou placa de agradecimentos conferida pelo Tabajara Tênis Clube de Blumenau SC. Ganhou placa homenageando o poeta pela contribuição à Literatura Catarinense, conferido pelo I Concurso Literário das Escolas Municipais de Balneário Camboriú SC. Criação do concurso de poesias "Lindolf Bell" pela Fundação Cultural de Timbó.
1996 - Representou o Brasil no VI Festival Internacional de Poesia, de Medelim, por indicação do Ministério da Cultura.
Recebeu um troféu em homenagem aos 30 anos da Catequese Poética, conferido pela Universidade Regional de Blumenau FURB. Recebeu o certificado pelo Dia do Poeta, conferido pelo Rotary Club Hermann Blumenau SC, pelos serviços prestados à comunidade. Recebeu uma placa de homenagem conferida pela Associação dos Moradores do Bairro São Roque de Timbó SC.
1997 - Novamente por indicação, representou o Brasil no Festival Del Sol em Cuba, onde recitou poesias em penitenciárias.
Foi homenageado com Mérito Cultural pela Fundação Cultural de Blumenau SC.
1998 - Recebeu a medalha de Mérito Cultural “Cruz e Souza” em Florianópolis. Recebe do Jornal do Médio Vale de Timbó SC, o troféu Expressão do Médio Vale. Recebeu placa em homenagem pela passagem do Dia do Poeta, conferida pela Secretaria de Educação e Cultura - Departamento de Cultura SC.
Ano de partida de Lindolf Bell (10 de dezembro).
2001 - Foi eleito um dos 20 do Século XX. Uma homenagem aos vinte catarineses que marcaram o Século XX, promovido pela RBS e a Telesc Brasiltelecom, no Centro Integrado de Cultura, Florianópolis/SC.

Fonte: Escritores Catarinenses “Hoje” – n° 2 e o Centro de Memória Lindolf Bell.


CATEQUESE POÉTICA

http://www.lindolfbell.com.br/catequese.php
Lindolf Bell foi o responsável pelo Movimento de divulgação da poesia junto aos mais diversos públicos, utilizando-se dos meios de comunicação menos tradicionais. A Catequese Poética foi iniciada em 1964, projetando o poeta nacionalmente. Este movimento mobilizou outros artistas, desenvolvendo uma nova linguagem poética e ampliando a intervenção social de jovens escritores. A Catequese Poética é considerada um marco tanto na cultura popular brasileira como na literatura. A partir de Lindolf Bell a poesia assumiu sua função transformadora do tempo, do homem e da sociedade.
A Catequese obteve respaldo popular que ressoou nos sentimentos e nas aspirações do homem, adquirindo uma característica temporal e de reciclagem a cada nova geração. Esta chama acesa na década de sessenta, incorporou novos personagens e assumiu expressões particulares em cada canto que se manifestou. No início o palco era a praça, pois dali extraía-se o pedestre de seu rumo anônimo e indeterminado, reavivando sua condição de homem, cidadão. Como prova desta identidade humana, anos depois Milton Nascimento passou a cantar “o artista tem que ir aonde o povo está”.
Bell consagrou-se com o Movimento, o qual tirou a poesia das gavetas, tornando-a mais acessível através de apresentações, declamações, conferências e debates. Transformou viadutos, praças, boates e estádios em veículos da poesia, com a participação de outros artistas e poetas. Ele seguiu o impulso da ruptura para cantar poemas em praça pública. Os movimentos de arte de rua nasceram de sua coragem.
O poeta dedicou-se à sua catequese poética pelo país e exterior, incentivando a poesia declamada em praça pública.
Como disse Paulo Leminski, “Nunca tinha visto ninguém dizer poemas tão bem, com tanta intensidade, tanta garra, tanto domínio de voz, do gesto e do sentido. A Catequese de Bell, a vanguarda da palavra dita, é um tempo forte dessa efervescência”.
É a partir de Lindolf Bell que a poesia catarinense recuperou o teor de originalidade (legado por Cruz e Souza) e passou a sugerir algo novo. Não ditava normas para o fazer literário, nem restringia o campo de ação do poeta. Opunha-se a algumas teorias estéticas das vanguardas de 50 e 60, pois era necessário a permanência do vínculo entre o poeta e o seu poema. Exigia do poeta a divulgação direta com o público, pois assim tornava-se um intermediário vivo entre o poema e o seu consumidor.
A Catequese Poética, possibilitou a agregação de poetas das mais variadas tendências a participaram do Movimento: Rubens Jardim, Luiz Carlos Mattos, Iracy Gentilli, Reni Cardoso, Érico Max Muller, Marli Medalha, Milton Eric Nepomuceno e outros, num convívio sem conflitos estéticos. Estes ingredientes favoreceram os efeitos acústicos e o ritmo, como a repetição e a reiteração.
O convite à participação do público não se dava somente ao nível fônico e visual, mas igualmente, na sugestão contida na matéria tematizada.
Lindolf Bell ficou reconhecido no eixo Rio-São Paulo como o poeta que encantava quando recitava seus poemas.
Começou a estampar diversos epigramas em camisetas, permanecendo assim fiel ao espírito irrequieto e sempre provocador que o identificou ao longo dos anos. Foi brindado na época como o “melhor poeta que interpretou o coração e os anseios da juventude”, “aquele que canta a geração das crianças perdidas” ou até um prosaico “a coqueluche da juventude paulista” (certamente foi um dos brasileiros que mais refletiu sobre os papéis complementares do conteúdo e da forma da poesia).
A Catequese Poética teve menção em diversos eventos. Foi lembrada e comemorada muitas vezes em diversos lugares.
Dentre essas homenagens podemos citar:
- Festival Cultural de Inverno (uma homenagem aos 30 anos da Catequese Poética), julho de 1994, cidade de Blumenau;
- Exposição Iconográfica dos 30 anos de Catequese Poética (exposição intinerante que passou por Florianópolis, Blumenau, Joinville, São Paulo, Rio de Janeiro, Timbó e outras) apoio cultural do BADESC e curadoria de Dennis Radünz;
- Prêmio Othon d’Eça (na passagem dos 30 anos do movimento de catequese) como Escritor do Ano de 1994.
“Até agora Bell é alvo de trinta anos de tecituras, no descuido de procurar a palavra, mas sabendo que é a palavra que o procura e o encontra, quando e onde quiser. A palavra procura palavra antes do poeta. Por estar enterrado na palavra há trinta anos, a palavra sabe como falar Bell. Ela o fala em catequeses poéticas, em códigos de águas, em incorporações. Ela o fala mais pós-modernamente, em corpoemas, ecopoemas e papéis-carta. A palavra engendra o poeta inexoravelmente. Bell reconhece que estamos - todos, poetas e leigos - enterrados na palavra que nos expele ao prazer das suas veleidades lingüísticas. E se conforma com este jugo, bendizendo que “amadureço na palavra que amadurece.
Catequese Poética é essa década multiplicada por três de amadurecimento poético de Lindolf Bell ."
Comentário de José Endoença Martins sobre Bell e os 30 anos de sua Catequese.


OBRA: “O CÓDIGO DAS ÁGUAS”

É a partir de Lindolf Bell que a poesia catarinense recupera o teor de originalidade, legado por Cruz e Souza, e passa a sugerir algo novo. Não dita normas para o fazer literário, não restringe o campo de ação do poeta. Mas amplia, posto que, opondo-se a algumas teorias estéticas das vanguardas de 50 e 60, pressupõe a permanência do vínculo entre o poeta e o seu poema. Exigindo do poeta a divulgação direta com o público, tornando-se um intermediário vivo entre o poema e o seu consumidor, a poesia realimenta-se de suas atribuições originais de laudos e desempenho social.
Sendo essa sua orientação básica, a Catequese Poética, liderada por Lindolf Bell, possibilita a agregação de poetas das mais variadas tendências, num convívio sem conflitos estéticos.
Daí o uso de ingredientes que favorecem os efeitos acústicos e o ritmo, como a repetição e a reiteração. O convite à participação do público não se dá somente ao nível fônico e visual, mas igualmente, na sugestão contida na matéria tematizada.
Em Código das Águas afirma-se a trajetória desempenhada pelo poeta enquanto peregrino em busca da poesia ideal. A palavra, aí, é o instrumento capaz de apreender a essência do universo criado. O código das águas reelabora o ideário estético de Lindolf Bell, que tem a ver unicamente com o fluir irredutível, ininterrupto e inclassificável de sua poesia - águas - insubmissa a códigos, exceto o das águas, cuja, codificação nega a si mesmo, exigindo-se a mutabilidade, o dinamismo constante.

ANÁLISE DA OBRA “O CÓDIGO DAS ÁGUAS”
http://www.imaculadanet.com.br/medio/noticia.php?codigo_noticia=190

 É uma poesia que celebra o refazer-se, a mudança, a transição e o caráter transitório de tudo, pela “palavra / que em breve / será a palavra dentro em breve. / A palavra /que se reveste de linho real / na linha real da vida: / enfermidade, / efemeridade;
 O título da obra fala de uma impossibilidade, uma contradição: suas águas são aquelas do rio heraclitiano, puro movimento, irreptíveis. Portanto, impossíveis de serem codificadas, pois um código sempre é forma, constância, conjunto de regras e padrões estáveis;
 Escrevia impelido por uma urgência de dizer algo, de esclarecer e convocar;
 No começo dos anos 60, Bell iniciava o seu trabalho de porta-voz, animador cultural, presente nos lugares onde acontecia a vida literária e, ao mesmo tempo, empenhado em buscar outros públicos e fazer-se ouvir num circuito amplo;
 A partir de 1968, há uma mudança de rumos: o poeta recolhe-se em SC, sai do circuito, a não ser em aparições eventuais;
 Uma característica deste livro em contraste com os dois anteriores, é a sua descontinuidade aparente. As Annamárias e As Vivências Elementares são quase um poema só, dividido em partes, algo com variações sobre o mesmo tema. Aqui, não. Mesmo conservando sua unidade, também apresenta algo de incluso e aberto – justamente por registrar uma passagem, um processo de transformação;
 Aqui temos a busca de uma memória anterior e subterrânea, do que não existe mais e mal é abordável pela palavra;
 O Código das Águas tem o seu rio: O Ribeirão da Infância de Timbó;
 Busca-se a escrita primordial, rasto e inscrição e, ao mesmo tempo, movimento;
 O livro é dividido em 5 partes: Poemas, Desterro, Minifúndio, Poema Andarilho e Poemas Finais;

 Parte 1 - POEMAS
ð”Procura a palavra palavra”:Busca a origem, a essência da palavra. Busca a escrita fundamental, a marca/inscrição, o movimento. É perceptível a transparência da desconstrução e reconstrução dos signos.
ð”Enfermidade, Efemeridade: Há uma reflexão sobre a poesia, o fazer poético. Através da palavra, recria a realidade, explora seus sentimentos e sua memória. Busca a palavra como código, como símbolo capaz de desvendar os mistérios da vida; Utiliza anáforas:

Por um fio a palavra é prata.
Por um fio a palavra é pata de cavalo.
Por um fio, ato de injustiça
[...]
ð “A palavra destino”: Busca entender o que é Destino e explora os contrários, através de anagramas (“felizes/deslizes, ovo / ave / ovo, folha / flor, versos / reversos, seco / soco, sutil / ardil”. O poeta parafraseia a citação bíblica “Deixai vir a mim as criancinhas porque delas será o Reino do Céu”. Bell busca explicações para as contradições humanas, dos fatos inesperados, do sentido da vida, etc.
ð”Da palavra final nada sei”: Volta ao passado. O eu-lírico deseja a liberdade.
ð”Primeira raiz”: O poeta mostra-se consciente das transformações, mas a memória permance. Usa a aliteração (“porque o que passou / passa / passará”) para reforçar a idéia de distanciamento das ideologias e da origem. O que permanece são as raízes, pois são elas que dão o norte, a direção.
ð”Da certidão ao nascer”: Mostra o amor, o carinho pelo lugar em que nasceu. Neste lugar, nasce sempre; está com ele na memória, na saudade, até nos atos de cinismo e de desprezo que por lá sofreu.
ð”Andorinhas escrevem no ar”: Bell compara a sua arte, o seu fazer poético com as andorinhas. Mesmo publicando ou declamando, a escrita é tão passageira quanto as andorinhas.
ð”O Ribeirão da infância”: A imagem do ribeirão está marcada na memória. Critica o desrespeito para com a natureza; fala do cinismo, do deboche, do jogo se ser e parecer.
ð”Ah! Não fosse este rio chamado amor”: A palavra rio é uma metáfora de amor. Rio este que nasceu dentro do poeta (“não aprendi de livros / nunca desenhei a giz”), está marcado na memória.
ð”Um inseto de Lagoa Santa”: Remete-se ao não mais existente e ao imemorial, Inseto de Lagoa Santa.
ð”Poema para o índio Xokleng”: Fala sobre a violência do homem branco (caraíba) contra os grupos indígenas das regiões de SC, o roubo de suas terras e faz um pedido: “Veste a carapuça e ensina teu filho mais que a verdade camuflada nos livros de história”.
ð”Ah! Não fosse este rio chamado amor”: A palavra rio é uma metáfora de amor. Rio este que nasceu dentro do poeta (“não aprendi de livros / nunca desenhei a giz”), está marcado na memória.
ðHá ainda os poemas “Bem-te-Vi” e “Doído coração doído”.


 Parte 2 – DESTERRO

ðApresenta apenas um poema que se divide em duas partes. A primeira parte mostra que o poeta se sente incapaz de aplicar o que aprendeu dos ensinamentos de Platão. Utiliza a comparação: “Me desfaço como um laço / de uma caixa de sapatos de presentes vazia. Na segunda, o poeta sente-se fora do seu mundo particular. Está em outro mundo, o da Capital, entre pessoas que não são afetuosas, que faltam com a verdade. Aqui Bell revela a época em que está, a da Ditatura Militar – “liberdades por decreto” e “a forjada foice da arbitrariedade”.

 Parte 3 – MINIFÚNDIO

ðApresenta-se dividida em dezenove poemas pequenos e mostra a interiorização do poeta;
ð Acrescenta à parte os poemas “Espelho I”, “Asa da Primeira Idade”, “Semanário”, “Poema Matemático”, “Deste âmago provo o amargo gosto”, “´É noite em teu jardim, mãe”, “Ouvi a morte passar” e “O poeta descobre-se no sebo”;
ð O poeta defini-se como um “Minifúndio” em que existe apenas a simplicidade, a origem de lavrador;
ð Fala do Vale do Itajaí (guardado na memória);
ð Revela os medos diante das coisas que a vida lhe apresenta;

ð Reflete sobre a complexidade da vida. É das pequenas coisas que podemos realizar grandes questionamentos da vida;
ð Fala da efemeridade das coisas e que a liberdade de todos tem, na verdade, sempre o controle de alguém ou alguma coisa;
ð Fala sobre o destino do homem;
ð Aborda a privação da liberdade - “crime sem regresso”, “a casa desse crime só tem ingresso”;
ð Admirador da natureza, Bell aproveita tudo que possa servi-lhe de inspiração como, por exemplo, a taturana;
ð Critica a ganância do homem, que se esquecendo de viver as coisas mais importantes e belas da vida;
ð Usa a lenda da Esfinge para fazer uma comparação, uma analogia ao tempo e ao homem. A presença do tempo é imperceptível. Homem e tempo passam, estão interligados.
ð O poeta afirma que devemos sonhar sempre. Os sonhos nos levam a perseguir objetivos e norteiam a vida;
ð Faz uma analogia entre o homem e os pássaros. O primeiro, possui uma limitação, seu horizonte é bem menor. Já o segundo tem a liberdade de voar para qualquer lugar.
ð Fala da chuva que envolve tudo: natureza, pessoas e pensamentos.
ð Lembra de um amor vivido (provavelmente em Florianópolis).
ð Esclarece que, na vida, enfrentamos muitos obstáculos e que é preciso vencê-los, para se chegar a algum lugar.
ð É preciso sonhar sempre. Os sonhos nos movem a alcançar os nossos objetivos. Muitas vezes, nós acabamos abandonando alguns sonhos pelo caminho.
ð Para o poeta, o que realmente importa são as coisas do coração.
ð Faz uma crítica à indiferença, ao preconceito. Para o poeta, a solidariedade e a amizade são princípios importantíssimos.
ð Mais uma vez, o poeta faz analogias. Agora, estabelece entre as nuvens e os móveis antigos, de madeira entalhada com desenhos que decoram as salas dos “abastados”. Sente o sacrifício das árvores para satisfazer a vaidade dos homens.
ð Destaca a alegria de viver sem pensar nas coisas ruins nem nas grandiosas.
ð O poeta descreve a relação do espelho com o tempo. O espelho é uma espécie de régua que marca o tempo. É , ao mesmo tempo, misterioso e revelador; breve e eterno. Nada escapa.
ð Fala da liberdade que temos e do pouco que fazemos dela.

 Parte 4 – POEMA DO ANDARILHO

ð São seis poemas pequenos dedicados a Nélida Pinon.
ð Todos os poemas tratam do mesmo tema: as experiências do poeta durante a sua vida (alegrias, tristezas, desrespeito, burocracia, lembranças, etc.).

 Parte 5 – POEMAS FINAIS
ð É a última parte do livro. Há dois poemas sem título (I e II) e dois outros intitulados “Recôndito Impulso” e “Recado Final”.
ð No poema I, o assunto é a transitoriedade do homem e faz uma homenagem a Manuel Bandeira (“a estrela do amanhã”).
ð No poema II, o tema é o tempo, a alma.
ð Em “Recôndito Impulso”, destaca a palavra, que amadurece, que poetiza através de antíteses, anagramas e metáforas. O poeta trabalha com as palavras, com o ritmo e assonância.
ð Em “Recado Final”, o poeta pede que o poema seja guardado na memória, nas nossas mais ternas lembranças, como “uma chave num colar”.

FONTES:

WILLER, Cláudio. Apresentação. In: BELL, Lindolf. O código das águas. São Paulo : Global. 2001. 5ª ed.

http://www.lindolfbell.com.br/Biografia.php

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

ÍNDICE

ÍNDICE
JULHO
- Histórico da EEB DOM JOAQUIM

AGOSTO
29/08/08 – Fotos da FEIRA DE CIÊNCIAS DA 36ª SDR, que aconteceu na EEB Dom Joaquim
28/08/08 – HOMENS E ALGAS de OTHON D´EÇA – Livro para o vestibular – comentários
19/08/08 – Fotos de alunos da 1ª 08, 2ª 10 e 3ª 06 – fazendo trabalho na biblioteca
15/08/08 – Fotos alunos pesquisando na biblioteca
11/08/08 – O CÓDIGO DAS ÁGUAS de LINDOLFO BELL – Livro para o vestibular – comentários
08/08/08 – HISTÓRICO DAS BIBLIOTECAS E DA BIBLIOTECA ESCOLAR
- 870 TÍTULOS DE LITERATURA INFANTO-JUVENIL DISPONÍVEIS NA BIBLIOTECA
- 995 TÍTULOS DE LITERATURA CLÁSSICA, MODERNA E CONTEMPORÃNEA DISPONÍVEIS NA BIBLIOTECA
- MAPA DA CHINA
- CURIOSIDADES SOBRE A CHINA
- JOGOS OLÍMPICOS EM PEQUIM – CHINA
04/08/08 – BIOGRAFIA DO PATRONO DOM JOAQUIM DOMINGUES DE OLIVEIRA
- NOMES DOS DIRETORES DA EEB DOM JOAQUIM DE 1923 A 2008

SETEMBRO
15/09/08 – DOM CASMURRO – obra de MACHADO DE ASSIS – comentários
07/09/08 – FOTOS DO DESFILE DE SETE DE SETEMBRO
05/09/08 – INDEPENDÊNCIA DO BRASIL
05/09/08 – FOTOS DA VIAGEM DE ESTUDO A CAMBORIÚ, REALIZADA PELAS 7ªS DA EEB DOM JOAQUIM, ACOMPANHADOS PELAS PROFESSORAS GORETI, ZÉLIA G, SIMONE M, LAÍS, no dia 03/09/08
05/09/08 – FOTOS DA VIAGEM DE ESTUDO A BOTUVERÁ, REALIZADA PELAS 7ªS DA EEB DOM JOAQUIM, ACOMPANHADOS PELAS PROFESSORAS GORETI, ZÉLIA G, SIMONE M, LAÍS, no dia 03/08/09

DOM CASMURRO de MACHADO DE ASSIS

DOM CASMURRO obra de MACHADO DE ASSIS
FONTE: http://pt.wikipedia.org/wiki/Dom_Casmurro

Dom Casmurro é um romance do escritor brasileiro Machado de Assis. Foi publicado em 1899, e é um dos livros da literatura brasileira mais traduzidos para outros idiomas.
É uma obra do Realismo brasileiro.

ENREDO
A história se passa no Rio de Janeiro do Segundo Império, e conta a trajetória de Bentinho e Capitu. É um romance psicológico, narrado em primeira pessoa por Bentinho, o que permite manter questões sem elucidação até o final, já que a história conta apenas com a perspectiva subjetiva de Bentinho.
O romance Dom Casmurro além de estar entre as grandes obras da Literatura Brasileira, é considerado como a obra-prima de Machado de Assis.

ANÁLISES DA OBRA
Em Dom Casmurro, encontramos a dúvida sobre a existência do adultério de Capitu, não havendo nenhuma cena que o comprove, permanecendo apenas como suspeitas. Sendo escrito em primeira pessoa, apresenta apenas a interpretação dos fatos presenciados pelo narrador-personagem, não apresentando em nenhum momento outras visões. O fato de o autor escrever o romance em capítulos curtos, com títulos explicados posteriormente e de utilizar citações de obras importantes e personagens históricos, em frases curtas, facilita a leitura e prende o leitor.
Machado de Assis permite, ao deixar o final com uma questão em aberto, que um mesmo leitor retome o livro e tire diferentes conclusões a cada vez que o relê.

METALINGUAGEM
Em Dom Casmurro, Machado de Assis enquanto narra, discute o ato e o modo de narrar. Ele põe em prática a metalinguagem, em que a própria narrativa trata de se auto-explicar. Logo no início, a metalinguagem ganha corpo, quando o personagem-narrador explica o título do livro e os motivos que o impulsionaram a escrevê-lo: Também não achei melhor título para a minha narração; se não tiver outro daqui até ao fim do livro, vai este mesmo. O meu poeta do trem ficará sabendo que não lhe guardo rancor. E com pequeno esforço, sendo o título seu, poderá cuidar que a obra é sua. Há livros que apenas terão isso dos seus autores, alguns nem tanto. E mais adiante: Agora que expliquei o título, passo a escrever o livro. Antes disso, porém, digamos os motivos que me põem a pena na mão. Durante toda a narrativa de Dom Casmurro, a metalinguagem tem um papel fundamental, dando um tom muitas vezes jocoso, ou criando cumplicidade com o leitor, que ao invés de apenas ler passivamente, participa do próprio ato de narrar, ao servir de confidente do escritor, transcendendo o próprio texto.
Alguns exemplos
· Ao narrar as tentações vividas na juventude dirige-se a uma possível leitora "Tudo isso é obscuro, dona leitora, mas a culpa é do vosso sexo, que perturba assim a adolescência de um pobre seminarista".
· Ao dar uma explicação, dialoga com o leitor dizendo: "Não sei se me explico bem. Suponde uma concepção grande executada por meios pequenos".
· Depois de longa narração preliminar, chega ao ponto em que vai narrar o casamento e diz: "Pois sejamos felizes de uma vez, antes que o leitor pegue em si, morto de esperar, e vá espairecer a outra parte; casemo-nos."

INTERTEXTUALIDADE
No livro percebe-se o fenômeno da intertextualidade, o mais expressivo é como a obra de Shakespeare, Otelo , em que Bento associa-se a Otelo(general Mouro ciumento), Capitu a Desdêmona (esposa de otelo e suspeita traidora) e José Dias a Iago (consciência obscura-incurtem em Bento e Otelo, respectivamente, o ciúme em relação aos amantes de Desdêmona).

AS FASES DO ROMANCE
A ação do livro acontece em duas fases, a primeira vai da adolescência de Bentinho com a decisão de seus familiares que, por uma promessa feita por sua mãe, ele deveria tornar-se padre. O convívio com Capitu e a luta para se unir a ela, contrariando a vontade dos familiares. O casamento, o qual torna Bentinho um homem lutador que busca por seus sonhos. A segunda parte trata desde sua separação de Capitu, por causa da desconfiança sobre a paternidade do filho, até o seu fim solitário, como homem frio que esqueceu sua luta para conquistar Capitu.

AS DUAS PONTAS DA VIDA
No desenvolvimento do romance, o narrador diz que tentou “atar as duas pontas da vida”, a juventude e a velhice, ou nascimento e morte. Essa tentativa fica evidente em algumas de suas atitudes, descritas a seguir:
· Relembrar sua história enquanto jovem, e tentar reviver as lembranças após a parada para analisar sua vida e perceber que talvez estivesse errado.
· O relacionamento paradoxal com Escobar, que sendo amigo era também um fantasma na vida conjugal, pois Bentinho acreditava que ele era o amante de Capitu.
· Os sentimentos antagônicos em relação ao filho Ezequiel, por sua semelhança com Escobar.
· A construção de uma casa idêntica à antiga casa da Rua de Matacavalos onde viveu quando criança.

O ENIGMA
Pela narração não há como afirmar se houve ou não adultério. Os fatos deixam dúvidas, pois a semelhança de Ezequiel com Escobar, o fato de Escobar ser muito amigo de Capitu e sempre rondar a família levam o leitor a pensar que houve a traição. Por outro lado, a amizade de Capitu por Escobar não seria amor carnal, mas um amor fraterno, o seu amor por Bentinho desde a infância e a sua luta por ele, além do fato dele não ter visto a traição, levam o leitor a acreditar em sua fidelidade. O leitor pode supor que Bentinho fosse ciumento e imaginasse os fatos. Não há comprovação de nada, afinal a visão dos fatos é parcial, já que Bentinho que narra a história como a vê. Além disso, soma-se uma lógica ziguezagueante que com que Bentinho narra a história, um raciocínio tortuoso que, por vezes, omite certos fatos propositalmente, e em outros, esquece de contar episódios.Entretanto, não se pode afirmar em quais trechos houve omissão proposital ou não.
Há divergências sobre a traição de Capitu. Várias teses acadêmicas já abordaram o assunto e nenhuma chegou a uma análise conclusiva:
· Em páginas mais avançadas deste clássico da literatura brasileira, o autor deixa claro que o filho de Bentinho com Capitu era quase idêntico ao seu amigo Escobar.
· Antes, porém, o pai de Sancha relata que Capitu se parece muito fisicamente e também no gênio com sua falecida esposa, deixando a idéia de que existem semelhanças inexplicáveis no mundo, o que justificaria a semelhança entre o filho de Dom Casmurro e Escobar.
· Também há criticas sobre o fato de que, tanto Capitu quanto Escobar sempre achavam que, quando crescessem, Ezequiel e Capituzinha acabariam namorando, algo que não incentivariam caso as crianças fossem realmente irmãs.
· Nas páginas iniciais da obra, o autor descreve Capitu como tendo muita facilidade em disfarçar as situações, inclusive enganando seus pais que tanto amava muitas vezes, o que fortalece a hipótese de adultério.
· Cogita-se a possibilidade de a mãe de Bentinho também desconfiar da paternidade de Ezequiel, já que com o passar do tempo, conforme a criança vai ficando cada vez mais parecida com Escobar, ela passa a ser indiferente com o neto e também com Capitu.
· Apesar da suspeita acima, não se pode deixar de cogitar também o fato de simplesmente a mãe de Bentinho ter se tornado uma senhora "ranzinza" com o passar dos anos, portanto mais fria com as pessoas ao seu redor.

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MAIS UMA PESQUISA SOBRE A OBRA


Dom Casmurro, de Machado de Assis

FONTE: http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/analises_completas/d/dom_casmurro

ANÁLISE DA OBRA
Narrado em primeira pessoa, Dom Casmurro foi publicado em 1900, embora a data da edição seja de 1899. Essa obra continua a trajetória de renovação iniciada com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, em 1881. O emprego de capítulos curtos, da já conhecida ironia, do pessimismo amargo e de técnicas narrativas renovadoras, como as digressões, metalinguagem e intertextualidades, mantêm-se também nesse romance.
Em Dom Casmurro, a narrativa exerce a função de uma pseudo-autobiografia do protagonista, Bentinho. Dessa forma, a memória servirá de vínculo entre a narrativa presente e a suposta verdade dos fatos, que a distância entre o passado e o presente teimou algumas vezes em nublar para o narrador. Esse resgate pela memória a partir do presente (flash-back) é, como acabamos de dizer, falho, já que o tempo incumbiu-se de distanciar os fatos do momento da escrita. Com isso, a narrativa não poderia seguir um caráter linear, nascendo fragmentada, digressiva.
Esse processo de escrita tem a nítida intenção de atribuir ao leitor o papel de explicar a maior dúvida de Bentinho: teria sido traído pela esposa com seu melhor amigo, Escobar, ou não? Ao final da narrativa, percebemos que carregamos a mesma dúvida de Bentinho, pois não conseguimos provar a culpa ou inocência de Capitu. Essa dúvida persiste porque o narrador tanto fornece indícios da existência do adultério quanto da pureza do comportamento da esposa. Entretanto, ele procura de todo modo, através de sua narrativa, convencer-nos da culpa de Capitu, o que terminaria por justificar sua decisão de abandonar mulher e filho na Suíça.
A obra significou, por mais de 60 anos, mais um exemplo de adultério feminino explorado na literatura realista. Entretanto, em 1960, a professora americana Helen Cadwel propôs a sua releitura, apontando Bentinho, e não a esposa, Capitu, como o problema central a ser desvendado. Dom Casmurro é um livro complexo e cada leitura origina uma nova interpretação. Machado de Assis faz no romance um fato inacreditável em sua narrativa: Ele cria um narrador que afirma algo (ou seja, diz que foi traído) e o leitor não consegue decidir-se se ele está mentindo ou não.
Desde então, o romance vem sido lido e relido, com novas chaves que cada vez mais comprovam tratar-se de um enigma elaborado pelo autor. Dentre as tais chaves destaca-se a não-confiabilidade do narrador (Bentinho), envolvido por sua personalidade ciumenta, invejosa, cruel e perversa aponto de destruir aqueles que ama por uma suspeita que o leitor atento percebe ser no mínimo discutível.
Ao evocar o passado, Bentinho (D. Casmurro), que é o narrador-personagem, coloca-se em um ângulo neutro de visão. Dessa maneira pode repassar, sem contaminar, episódios e situações, atitudes e reações. Simultaneamente, opõe a esse ângulo de reconstrução do passado, o ângulo do próprio momento da evocação, marcado pelo desmoronamento da ilusão de sua felicidade. Dessa forma, temos uma dupla visão da experiência, reconstituída em termos de exposição e análise.
A visão esfumaçada do adultério é intencional. Dele o leitor só tem provas subjetivas, a partir da ótica do narrador, que nele acredita.
Ao adotar um narrador unilateral, fazendo dele o eixo da forma literária, Machado de Assis se inscreveu entre os romancistas inovadores.

ESTRUTURA DA OBRA
O romance Dom Casmurro é dividido em 148 capítulos de diversas dimensões, predominando os curtos (técnica já ultilizada em Memórias Póstumas de Brás Cubas).
Ação - O enredo da obra não é dinâmico, já que predomina o elemento psicológico. A narrativa é digressiva, ou seja, interrompida todo o tempo por fugas da linearidade para acrescentar pensamentos ou lembranças fragmentadas do narrador.
Foco narrativo - O romance é narrado em primeira pessoa, por Bento Santiago, que escreve a história de sua vida. Dessa forma o romance funciona como uma pseudo-biografia de um homem já envelhecido que parece preencher sua solidão atual com a recordação de uma passado que nunca se distancia verdadeiramente, porque -foi marcado pelo seu sofrimento pessoal.
Tempo - O tempo é cronológico, cuja primeira referência é o ano de 1857, no momento que José Dias sugere a D. Glória a necessidade de apressar a ida de Bentinho para o seminário. Em 1858, Bentinho vai para o seminário. Em 1865, Bentinho e Capitu casam-se. Em 1872, Bentinho e Capitu separam-se. Aliás, se observarmos melhor essas datas, veremos que entre a ida de Bentinho para o seminário e o casamento decorrem sete anos, entre este último e a separação mais sete anos. Se tomarmos em conta essa “suposta coincidência”, podemos perceber que cada período forma um ciclo completo: ascensão, plenitude e declínio ou morte do sentimento amoroso.
Espaço - Toda a ação narrativa passa-se no Rio de Janeiro. O narrador faz-nos acompanhar sua trajetória pelos bairros e ruas do Rio, desde o Engenho Novo, onde -escreve sua obra, até a Rua de Matacavalos, onde passou sua infância e conheceu Capitu. É interessante lembrar, que as duas casas amarram-se novamente num círculo perfeito, já que a do Engenho Novo foi construída à semelhança da casa de Matacavalos. A tentativa do narrador de atar as duas pontas da vida parece funcionar não apenas na ligação entre o presente e o passado, mas também na própria estrutura da obra, como vimos na introdução dessa parte.

PERSONAGENSEm Dom Casmurro, as personagens são apresentadas a partir das descrições de seus dotes físicos. Temos, portanto, a descrição, funcional, bastante comum no Realismo.
As personagens principais são:
Capitu, "criatura de 14 anos, alta, forte e cheia, apertada em um vestido de chita, meio desbotado. Os cabelos grossos, feitos em duas tranças, com as pontas atadas uma à outra, à moda do tempo,... morena, olhos claros e grandes, nariz reto e comprido, tinha a boca fina e o queixo largo... calçava sapatos de duraque, rasos e velhos, a que ela mesma dera alguns pontos". Personagem que tem o poder de surpreender : "Fiquei aturdido. Capitu gostava tanto de minha mãe, e minha mãe dela, que eu não podia entender tamanha explosão". Segundo José Dias, Capitu possuía "olhos de cigana oblíqua e dissimulada", mas para Bentinho os olhos pareciam "olhos de ressaca"; "Traziam não sei que fluido misterioso e energético, uma força que arrastava para dentro, com a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca". A personagem nos é pintada leviana, fútil, a que desde pequena só pensa em vestidos e penteados, a que tinha ambições de grandeza e luxo. Foi comparada, certa vez pela crítica, como a aranha que devora o macho depois de fecundada.
Bentinho, também protagonista, que ocupa uma postura de anti-herói. Não pretendia ser padre como determinara sua mãe, mas tencionava casar-se com Capitu, sua amiga de infância. Um fato interessante é que os planos, para não entrar no seminário, eram sempre elaborados por Capitu. É o narrador e pseudo-autor da obra. Na velhice, momento da narração, era um homem fechado, solitário e triste. As lembranças de um passado triste e doloroso, tornaram-no um indivíduo de poucos amigos. Desde menino, foi sempre mimado pela mãe, pelo tio Cosme, por prima Justina e pelo agregado José Dias. Essa super-proteção tornou-o um indivíduo inseguro e dependente, incapaz de tomar decisões por conta própria e resolver seus próprios problemas. Essa insegurança foi, sem dúvida, o fato gerador dos ciúmes da suspeita de adultério que estragaram sua vida. As personagens secundárias são descritas pelo narrador:
Dona Glória, mãe de Bentinho, que desejava fazer do filho um padre, devido a uma antiga promessa, mas, ao mesmo tempo, desejava tê-lo perto de si, retardando a sua decisão de mandá-lo para o Seminário. Portanto, no início encontra-se como opositora, tornando-se depois, adjuvante. As suas qualidades físicas e espirituais.
Tio Cosme, irmão de Dona Glória, advogado, viúvo, "tinha escritório na antiga Rua das Violas, perto do júri... trabalhava no crime"; "Era gordo e pesado, tinha a respiração curta e os olhos dorminhocos". Ocupa uma posição neutra: não se opunha ao plano de Bentinho, mas também não intervinha como adjuvante.
José Dias, agregado, "amava os superlativos", "ria largo, se era preciso, de um grande riso sem vontade, mas comunicativo... nos lances graves, gravíssimo", "como o tempo adquiriu curta autoridade na família, certa audiência, ao menos; não abusava, e sabia opinar obedecendo", "as cortesias que fizesse vinham antes do cálculo que da índole". Tenta, no início, persuadir Dona Glória à mandar Bentinho para o Seminário, passando-se, depois, para adjuvante. Vestia-se de maneira antiga, usando calças brancas engomadas com presilhas, colete e gravata de mola. Teria cinqüenta e cinco anos. Depois de muitos anos em casa de D. Glória, passou a fazer parte da família, sendo ouvido pela velha senhora. Não apenas cuidava de Bentinho como protegia-o de forma paternal.
Prima Justina, prima de Dona Glória. Parece opor-se por ser muito egoísta, ciumenta e intrigante. Viúva, e segundo as palavras do narrador: "vivia conosco por favor de minha mãe, e também por interesse", "dizia francamente a Pedro o mal que pensava de Paulo, e a Paulo o que pensava de Pedro".

Pedro de Albuquerque Santiago, falecido, pai de Bentinho. A respeito do pai o narrador coloca: "Não me lembro nada dele, a não ser vagamente que era alto e usava cabeleira grande; o retrato mostra uns olhos redondos, que me acompanham para todos os lados..."
Sr. Pádua e Dona Fortunata, pais de Capitu. O primeiro, "era empregado em repartição dependente do Ministério da Guerra" e a mãe "alta, forte, cheia, como a filha, a mesma cabeça, os mesmos olhos claros". Jamais opuseram-se à amizade de Capitu e Bentinho.
Padre Cabral, personagem que encontra a solução para o caso de Bentinho; se a mãe do menino sustentasse um outro, que quisesse ser padre, no Seminário, estaria cumprida a promessa.
Escobar, amigo de Bentinho, seminarista, "era um rapaz esbelto, olhos claros, um pouco fugitivos, como as mãos,... como tudo". Ezequiel Escobar foi colega de seminário de Bentinho e, como este, não tinha vocação para o sacerdócio. Melhor amigo de Bentinho. Gostava de matemática e do comércio. Quando saiu do seminário, conseguiu dinheiro emprestado de D. Glória para começar seu próprio negócio. Casou com Sancha, melhor amiga de Capitu. Morreu afogado depois de enfrentar a ressaca do mar.
Sancha, companheira de Colégio de Capitu, que mais tarde casa-se com Escobar.
Ezequiel, filho de Capitu e Bentinho. Tem o primeiro nome de Escobar. Quando pequeno, imitava as pessoas. Vai para a Europa com a mãe, estudou antropologia e mais tarde volta ao Brasil para rever o pai. Morre na Ásia de febre tifóide perto de Jerusalém.
ENREDO
Bentinho, chamado de Dom Casmurro por um rapaz de seu bairro, decide atar as duas pontas de sua vida . A partir daí, inicia a contar sua história.
Órfão de pai e protegido do mundo pelo círculo doméstico e familiar. Morando em Matacavalos com sua mãe (D. Glória, viúva), José Dias (o agregado), Tio Cosme (advogado e viúvo) e prima Justina (viúva), Bentinho possuía uma vizinha que conviveu como "irmã-namorada" dele, Capitolina - a Capitu. Seu projeto de vida era claro, sua mãe havia feito uma promessa, em que Bentinho iria para um seminário e tornaria-se um padre. Cumprindo a promessa Bentinho vai para o seminário, mas sempre desejando sair, pois tornando-se padre não poderia casar com Capitu.
Apesar de comprometida pela promessa, também D. Glória (mãe de Bentinho) sofre com a idéia de separar-se do filho único, interno no seminário. Por expediente de José Dias (amigo da família), Bentinho abandona o seminário e, em seu lugar, ordena-se um escravo. José Dias, que sempre foi contra ao namoro dos dois, é quem consegue retirar Bentinho do seminário, quase convencendo D. Glória que o jovem deveria ir estudar no exterior, José Dias era fascinado por direito e pelos estudos no exterior.
Correm os anos e com eles o amor de Bentinho e Capitu. Entre o namoro e o casamento, bentinho de formou em Direito e fez estreita amizade com um ex-colega de seminário, o Escobar, que acaba se casando com Sancha, amiga de Capitu.
Do casamento de Bentinho e Capitu, nasce Ezequiel. Escobar morre afogado e, durante seu enterro, Bentinho julga estranha a forma pela qual Capitu contempla o cadáver. Percebe que Capitu não chorava, mas aguçava um sentimento fortíssimo. A partir desse momento começa o drama de Bentinho. Ele percebe que o seu filho (?) era a cara de Escobar e ele já havia encontrado, às vezes, Capitu e Escobar sozinhos em sua casa. Embora confiasse no amigo, que era casado e tinha até filha, o desespero de Bentinho é imenso. cresce, Ezequiel se torna cada vez mais parecido com Escobar. Bentinho, muito ciumento, chega a planejar o assassinato da esposa e do filho, seguidos pelo seu suicídio, mas não tem coragem. A tragédia dilui-se na separação da casal.
Capitu viaja com o filho para a Europa, onde morre anos depois. Capitu escreve-lhe cartas, a essas altura, a mãe de Bentinho já havia morrido, assim como José Dias. Ezequiel um dia vem visitar o pai e conta da morte da mãe. O pai, que apenas constata a semelhança entre o filho e o antigo amigo de seminário. Ezequiel volta a viajar e pouco tempo depois, Ezequiel também morre, mas a única coisa que não morre no romance é Bentinho e sua dúvida.
ESTILO DE ÉPOCA E INDIVIDUAL

O Realismo é um estilo de época da segunda metade do séc. XIX, marcado por uma forte oposição às idealizações românticas. Assim, as personagens realistas apresentam mais defeitos do que qualidades, destacando-se as temáticas do adultério, dos interesses econômicos, da ambição desmedida, da dissimulação e da vaidade etc.
Machado de Assis, entretanto, ultrapassou a própria estética realista, na qual está inserido, ao utilizar recursos narrativos que não são típicos dos demais autores de sua época, antecipando mesmo certos aspectos de modernidade, o que aliás contraria o que disse dele Mário de Andrade em Aspectos da Literatura Brasileira. O emprego do micro-capítulo e de técnicas cinematográficas são bons exemplos dessa modernidade.
Machado foi o mais fino analista da alma humana, mergulhando densamente na psicologia de suas personagens para decifrar-lhes os enigmas da alma, seus sofrimentos, pensamentos e retirando desse mundo íntimo um retrato humano e social até hoje insuperável. Seu estilo não é linear, como nos demais realistas, mas digressivo, paródico e metalingüístico.
Em Dom Casmurro, por exemplo, o narrador não se contenta em contar a sua história, mas parece conduzir o leitor por caminhos tortuosos através de sua memória e seus pensamentos antes de decifrar seu passado. Não satisfeito, parece adiar ainda mais os fatos na tentativa de explicar a própria obra (metalinguagem), justificando-se com ele (leitor incluso) ou ironizando-o.
PROBLEMÁTICA E PRINCIPAIS TEMAS

A riqueza temática de Dom Casmurro obriga os leitores a atos de profunda meditação, induzindo-os a um trabalho sério de levantamento das intenções do autor a cada momento.
De um modo geral, podemos destacar que o grande tema dessa obra é a suspeita do adultério nascida dos ciúmes doentios do narrador e protagonista Bento Santiago. É essa dúvida atroz que atormenta Bento Santiago obrigando-o a escrever essa espécie de livro de memórias para justificar-se diante de si mesmo e da sociedade. Entretanto, ao expor a história de sua vida, esse narrador não se desnuda das mesmas máscaras sociais que as demais pessoas, porque tenta nos persuadir de acreditar na sua versão dos fatos, ainda que procure também persuadir a si mesmo. Mas, se não conseguiu convencer-se da veracidade do adultério, teria conseguido convencer os leitores? Poderia Capitu ser culpada, apesar da ausência de provas cabais de sua traição? A culpa de Capitu significaria para Bentinho a absolvição de todos os seus erros. Por isso a versão dos fatos que cercaram a vida do narrador com Capitu é tendenciosa, por mais sincero que nos pareça esse narrador envelhecido pela ação contínua do tempo e pela solidão. O tempo poderia servir tanto como elemento distanciador das dolorosas emoções do narrador, quanto como fator de diluição das certezas dos acontecimentos. Entretanto, ele não consegue esquecer seus sentimentos, nem mesmo perdoar a mulher e o amigo.
É dessa forma que Machado conduz a força temática de Dom Casmurro, não utilizando, como era habitual na literatura realista, o adultério em si, mas a suspeita do adultério.
Dom Casmurro resultaria de uma tentativa do pseudo-autor de recompor o passado, como percebemos em suas palavras: “O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência”. O que leva Bento Santiago a essa busca do tempo perdido é, indiscutivelmente, a necessidade de expurgar o sentimento doloroso da dúvida em torno da traição.
O que teria levado Bentinho à situação de indivíduo ensimesmado, fechado, solitário, teimoso, um casmurro? A narrativa da primeira parte desse trabalho mostra-nos a construção lenta desse homem triste e solitário. Para analisarmos o homem, devemos aproveitar a máxima machadiana de que “o menino é o pai do homem”, surgida num de seus contos, intitulado Conto de Escola.
Primeiro foi a perda do pai, cujo modelo ele não teve presente para seguir; depois, as proteções materna e familiares que terminaram por tomá-lo inseguro, mimado, fragilizado e indeciso ao ser obrigado a tomar qualquer decisão. Bentinho é inseguro, fraco, ao contrário de sua mãe ou mesmo de Capitu. Dona Glória, José Dias e a prima Justina fizeram dele um menino mimado, acostumado com que lhe fizessem todas as vontades. Assim, parecia incapaz de aceitar a independência das pessoas que o cercavam. Qualquer passagem além desse limite de seu sentimento de posse, parecia-lhe uma traição. Capitu era independente, tinha vontade própria. Não costumava tomar conselhos do marido antes de qualquer atitude. O mesmo ocorre com Escobar, que já não dependia mais do dinheiro de Dona Glória, mãe de Bentinho, pois realizara-se profissionalmente.
Capitu sempre soube exatamente o que queria: casar-se com o garoto rico da vizinhança, ou seja, Bentinho. Ao contrário de Bentinho, ela é forte, consegue facilmente dissimular situações embaraçosas, como as duas primeiras vezes que se beijaram. Em ambas ela tomou a atitude inicial e também soube sair-se bem diante da mãe, e depois, do pai.
Na verdade, é dessa força de Capitu que nasce a fraqueza de Bentinho. Este não sabia o que esperar das atitudes da mulher, que seguia seus próprios passos e princípios. Isso gerava a incerteza e fazia nascer a suspeita. Estamos certos de que, se o quisesse, Capitu realmente teria traído Bentinho, sem que esse sequer suspeitasse, se é que não o fez. Ela sabia dissimular como ninguém e manter-se em seu pedestal. Bentinho sabia disso e daí cresce a dúvida que o amargura e angustia. A morte, primeiro dos familiares, depois da mulher e do filho, tornam o narrador um indivíduo sem amigos, que vive apenas em seu mundo particular, isolado das demais pessoas.
Destruir essa incerteza que o acompanha desde muito parece uma questão de vida ou morte, mas Bentinho parece terminar sua obra sem atingir seu desejo maior. Apesar de ser um bom advogado em causa própria, cujos argumentos racionais parecem persuadir uma parte dos leitores, Bentinho não só não provou para si mesmo o adultério de Capitu - nem o contrário, sua fidelidade -, como não conseguiu esquecê-la. Ao retomar o passado, retomou também a forte lembrança desse amor e, claro, de seu ciúme doentio. Mas o que lhe restou senão atacar a mulher e o amigo, ambos mortos? Ambos sem direito de defesa ampla, como exigiria a lei? A única saída de Bentinho foi voltar ao seu projeto inicial de escrever a História dos Subúrbios.

DESFILE DE SETE DE SETEMBRO
































terça-feira, 9 de setembro de 2008